domingo, 17 de maio de 2009

ELE É O CARA


O Oráculo de omaha:
Buffett brinca com o baralho e admite:
"Dormi no ponto"


As cartas de Buffett
Gênios também perdem dinheiro nas crises. O que torna o megainvestidor americano tão diferente dos outros?

Milton Gamez da Isto É Dinheiro

A crise do subprime pegou dois gênios das finanças americanas pelo contrapé: Bernard Madoff e Warren Buffett. Madoff, o gênio do mal, viu ruir seu castelo de cartas, que enganou milhares de investidores durante décadas e desapareceu com estimados US$ 50 bilhões. Buffett, o gênio do bem, também perdeu dinheiro no ano passado, o pior em 44 anos, mas continua dando as cartas do jogo no capitalismo americano. As ações da sua companhia de participações, a Berkshire Hathaway, caíram 32% em 2008, mas o fascínio dos seus seguidores continua em alta. No primeiro fim de semana de maio, o caipira mais rico do mundo atraiu 35 mil investidores para Omaha, em Nebraska, para mais um encontro anual com os acionistas de seu negócio, um gigante com US$ 122 bilhões. Deu um show.
Ações da Berkshire Hathaway caíram 32% em 2008,mas seu fascínio continua em alta

Aos 78 anos, o Oráculo de Omaha debochou do próprio desempenho. "Não me cobri de glórias em 2008", admitiu. No melhor estilo do Velho Oeste, espalhou cartazes de "Procura-se" com seu retrato e o do sócio Charles Munger, 85 anos, pelos salões. Projetou um filme satirizando a crise e ele mesmo, retratando- se no papel de vendedor de colchões. "Dormi no ponto e alguns perderam dinheiro por isso", justificou. Ele oferece a uma cliente um colchão com esconderijo para dinheiro e ações (no seu caso, escondeu também duas Playboy antigas). Durante cinco horas, eles responderam a perguntas diante de 18 mil pessoas que lotaram um ginásio de esportes. Coçando a orelha, bebendo Cherry Coke e comendo biscoitos, os dois velhinhos não se furtaram a responder questões difíceis e deram uma lição de economia. Na visão do enviado especial do The New York Times, Andrew Ross Sorkin, o recado principal da dupla foi este: manter a simplicidade é a melhor estratégia financeira. Nada de aplicações de difícil compreensão, como os derivativos imobiliários exóticos que misturaram contratos imobiliários de bons e maus pagadores (os subprime) e quebraram bancos americanos. "Se você precisa usar um computador ou uma calculadora para fazer a conta (se vale a pena), não deveria comprar (o ativo)", ensinou Buffett. Embora críticos, os dois demonstraram muito otimismo com o futuro. "Há ainda muita coisa errada no mundo, mas é o único que temos. Não tenho a menor ideia do que vai acontecer, mas sei que cada vez mais vamos viver melhor e melhor, pois esse é o sistema que liberta o potencial de todos. Até a China descobriu isso. Teremos dias ruins no capitalismo, mas, de modo geral, estamos progredindo rapidamente", filosofou Buffett. Munger endossou, com uma dose de sarcasmo: "Agora que estou cada vez mais perto da morte, me sinto cada vez mais otimista com o futuro da economia."

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